quinta-feira, 28 de julho de 2011

Análogo da talinomida mostra eficácia contra doença falciforme


 


Sttefen E. Miller(esq.) e Abdulah Kutlar
(dir.), pesquisadores envolvidos no estudo
Um análogo da talidomida está se configurando como um medicamento seguro contra a doença falciforme, segundo um relatório de pesquisadores da Georgia Health Sciences University. Assim como a hidroxiureia, a única terapia aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) para a doença falciforme, a pomalidomide aumenta a produção de hemoglobina fetal que, ao contrário da homóloga adulta, não pode assumir a forma destrutiva de foice.
Em contraste, a pomalidomide também preserva a função da medula óssea, aumentando a proliferação das hemoglobinas que fazem o transporte de oxigênio, relataram os pesquisadores. A hidroxiureia é conhecida por suprimir a função da medula óssea, deixando os pacientes potencialmente suscetíveis à infecção e ao sangramento.
"Ficamos felizes ao descobrir que a pomalidomide estimulou a expressão da hemoglobina fetal sem toxicidade para a medula óssea e aumentou a produção de glóbulos vermelhos diante da anemia", disse o anestesiologista Steffen E. Meiler.
O estudo comparou a pomalidomide, a hidroxiureia e uma combinação de drogas em um modelo de rato da doença falciforme. Após oito semanas, tanto a pomalidomide quanto a hidroxiureia aumentaram a hemoglobina fetal, mas apenas a pomalidomide foi suave para a medula óssea. Surpreendentemente, quando os medicamentos foram administrados em conjunto, todos os benefícios foram perdidos.
"Estamos muito animados e otimistas para que a pomalidomide faça a mesma coisa para os pacientes, o que significa que ela irá aumentar seus níveis de hemoglobina fetal e de hemoglobinas" disse o diretor do GHSU Sickle Cell Center Abdullah Kutlar.
Apesar da sua notória reputação por causar defeitos de nascimento, a talidomida e agora seus análogos estão conquistando um futuro potencialmente positivo para a sua capacidade de regular a resposta imunológica. Na verdade, foi a capacidade de combater a inflamação do análogo da lenalidomida que os pesquisadores queriam estudar. A inflamação, outra marca registrada da doença falciforme, ocorre quando as células brancas do sangue atacam as hemoglobinas de aparência anormal, assim como as células em forma de foice que ferem o revestimento dos vasos sanguíneos.
A lenalidomida já é aprovada para a anemia e para um câncer das células brancas do sangue chamado de mieloma múltiplo e está atualmente sob estudo para outros tipos de câncer. Quando os pesquisadores falaram com a fabricante de medicamentos Celgene Corporation sobre o estudo, a empresa de Nova Jersey compartilhou evidências laboratoriais de que a pomalidomide, uma prima mais potente e estreitamente relacionada com a lenalidomida, tinha a vantagem adicional de aumentar a expressão de hemoglobina e a proliferação de células progenitoras CD34 , que fazem as hemoglobinas. Quando os pesquisadores analisaram o impacto da pomalidomide sobre a hemoglobina fetal e sobre a função da medula óssea em seu modelo de rato, eles encontraram resultados semelhantes.
"A pomalidomide produziu aproximadamente a mesma quantidade de hemoglobina fetal que a hidroxiureia, mas a medula óssea ficou inteiramente intactas", disse Meiler. O trabalho laboratorial levou a iniciar uma fase 1 de ensaios clínicos do medicamento para a doença falciforme com a Wayne State University, em Michigan. Por causa de experiências passadas com a talidomida, as mulheres de idade fértil recebem um teste de gravidez e aconselhamento contraceptivo antes de entrar no estudo. Os participantes que tomarão a pomalidomide também não podem ter tomado a hidroxiureia por vários meses para ajudar a garantir que os resultados devem-se à nova droga.
A doença falciforme é genética e afeta 1 em cada 500 afrodescentes nos Estados Unidos.


Fonte: isaude.net

Afrânio F. Evangelista

sábado, 16 de julho de 2011

Terapia ataca mecanismo de supressão imunológica para deter células cancerosas

George Coukos(lider da pesquisa), Bruce Levine e Linda Smith
Terapias específicas projetadas para suprimir a formação de novos vasos sanguíneos nos tumores, como o Avastin (bevacizumab), retardaram o crescimento do câncer em alguns pacientes. No entanto, elas não têm produzido as respostas dramáticas que os pesquisadores inicialmente pensaram que elas poderiam produzir. Agora, a pesquisa da Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania pode ajudar a explicar as respostas modestas. A descoberta sugere novas combinações de tratamento que podem aumentar o poder das terapias com base na desaceleração do crescimento dos vasos sanguíneos (angiogênese).
Os investigadores de Penn, liderados pelo professor de biologia reprodutiva George Coukos, descobriram que as células de câncer de ovário cultivadas em condições de baixo oxigênio - que promove a formação de vasos sanguíneos - secretam sinais químicos que suprimem o sistema imunológico do paciente, impedindo-o de matar as células anormais cancerosas.
"Pela primeira vez, estamos percebendo que os dois programas - a angiogênese e a supressão imune - são regulados e mediados pelos mesmos tipos de célula. Isso cria novas oportunidades terapêuticas, pois o estudo revela que, para suprimir a angiogênese com eficácia, deve-se também suprimir um tipo de célula imunológica, chamada linfócito T regulador. Assim, as terapias anti-angiogênese comumente utilizadas devem ser combinadas com manobras terapêuticas que eliminam os linfócitos T reguladores", diz Coukos.
Seguindo os indícios de que pode haver uma interferência entre os dois sistemas, o professor de obstetrícia e ginecologia Andrea Facciabene e seus colegas cultivaram células de câncer de ovário em condições normais de oxigênio ou em condições baixas de oxigênio (hipóxia). Quando a equipe procurou por diferenças nas proteínas chamadas quimiocinas secretadas sob as duas condições de crescimento, eles descobriram que a molécula de sinalização CCL28 era mais abundante em culturas de baixo oxigênio. A CCL28 também era comum em áreas hipóxicas de tumores em modelos animais.
Os pesquisadores descobriram que a CCL28 recruta os linfócitos T reguladores (T-regs) em situações experimentais. Como os T-regs suprimem as respostas imunes locais, incluindo as células do sistema imunológico que matam as células tumorais, os pesquisadores pensaram na hipótese de que a sinalização da CCL28 poderia induzir a tolerância imunológica. Na verdade, quando observaram o crescimento dos tumores cultivados em modelos animais, eles descobriram que os tumores projetados para expressar a CCL28 cresceram significativamente mais rápido do que os tumores sem expressão de CCL28.
Juntos, os dados sugerem que as condições de hipóxia suprimem a reação imunológica através dos linfócitos T reguladores, promovendo a formação de vasos sanguíneos. Portanto, para obter o máximo das drogas anti-angiogênese, os médicos podem precisar combiná-las com drogas que bloqueiem os T-regs.
"As ferramentas para eliminar os T-regs de forma eficaz não estão atualmente disponíveis na clínica, mas o campo está definitivamente avançando, com várias estratégias candidatas atualmente sendo testadas. A outra implicação deste estudo é que, se a terapia anti-angiogênese induz hipóxia no tumor, isso poderia criar um rebote de aumento dos linfócitos T reguladores. Este rebote poderia ser responsável por parte da resistência que é comumente observada na clínica depois que a anti-angiogênese terapêutica é instituída", analisa Coukos.


Afrânio Evangelista
Fonte: isaude.net