segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Uso de células-tronco no tratamento do infarto - Cardiomioplastia celular

O infarto é uma das principais causas da insuficiência aguda progressiva, responsável pelo alto índice de mortalidade em pacientes cardíacos. Uma nova terapêutica tem criado expectativas bastante positivas para o tratamento desse problema, consiste na cardiomioplastia celular, esta técnica consiste na implantação de células-tronco na lesão cardíaca provocada pela isquemia com o objetivo de promover a renovação do miocárdio. Mas qual tipo de células-tronco é o mais indicado para ser utilizado e quais as perspectivas para esse novo tipo de tratamento?
As células-tronco são células indiferenciadas que possuem a capacidade de se transformar em células de outros tecidos. Elas podem ser de origem, embrionária, do cordão umbilical ou proveniente da medula óssea, entre outras. As células-tronco embrionárias são obtidas da massa celular do embrião e por isso, podem se diferenciar em tecidos dos três folhetos embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma), o que demonstra sua pluripotencialidade, mas o seu uso ainda gera grandes embates éticos, pelo fato de ser extraída de em
briões humanos e a sua alta pluripotencialidade pode levar a formação de tumores, questões estas que desabilitam este tipo de célula para ser utilizado no tratamento proposto.
As células-tronco provenientes do cordão umbilical são facilmente obtidas, fato que torna a sua utilização menos controversa, mas o seu uso na técnica de cardiomioplastia celular pode gerar no paciente, reações imunológicas havendo sempre a necessidade do tratamento imunossupressor.
Já as células-tronco mesênquimais da medula óssea, demonstram serem as mais adequadas, pois são facilmente obtidas e o fato de serem do próprio paciente descarta a possibilidade de imunorrejeição. Uma vez injetada no miocárdio lesado, essas células podem se diferenciar em cardiomiócitos, assim como também em células endoteliais, promovendo a angiogênese(formação de novos vasos) e a neovascularização.
Levando em conta que a cardiomioplastia celular é um conceito novo e seu efeito benéfico deve ser confirmado. Os resultados alcançados até então foram muito animadores; entusiasmados, os cientistas buscam agora aperfeiçoar essa técnica, abrindo caminho à descoberta de novas estratégias terapêuticas mais eficazes e menos invasivas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Prêmio Nobel de medicina 2009 - Telomerase

Ficamos sabendo a pouco tempo atrás, quem foram os ganhadores do prêmio Nobel de medicina de 2009, são eles: Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak, três cientistas norte-americanos que tiveram o justo reconhecimento dos seus estudos pela sociedade e classe cientifica, que foi a descoberta da enzima telomerase, quando investigavam a relação entre o envelhecimento celular e o câncer em 1985.
A telomerase é uma enzima que atua nos telômeros, que são as extremidades dos cromossomos compostos de seqüências repetitivas de DNA e que se encurtam cada vez que a célula se divide graças a ele a maioria das células humanas podem se dividir apenas cerca de 50 a 100 vezes, sendo que cada vez que a célula se divide, os seus telômeros ficam mais curtos e ela vai caminhando para a senescência(envelhecimento natural celular). A enzima telomerase tem a função de adicionar sequencias específicas e repetitivas de DNA a extremidade 3’ dos cromossomos, evitando assim, o encurtamento dos telomeros. Desse modo, ela é considerada como um relogio biologico que indica que a senescencia celular irá se instalar inevitavelmente, causando o envelhecimento.

A comunidade científica acredita que os telômeros foram, desenvolvidos como forma de evitar o crescimento sem controle de células tumorais, pois graças a eles as células morrem quando estão muito velhas, impedindo a sua replicação defeituosa, gerando tumores. Com isso, podemos dizer que os telômeros funcionam como protetores para os cromossomos, assegurando que a informação genética (DNA) seja perfeitamente copiada quando a célula se duplica.


Telomerase X Envelhecimento

O gene de produção da telomerase e o gene conhecido por p 53(indutor da apoptose nas células) devem participar de um sistema eficiente de supressão de tumores, mas em contrapartida, com a diminuição da ação da telomerase, os cromossomos se encurtam na região dos telômeros e, inevitavelmente, por causa da manutenção de um tecido jovem, que necessita de divisões celulares contínuas, surge o envelhecimento, a senescência. Quando a telomerase está atuante, permite a alta capacidade de divisões celulares por mitoses sucessivas, o que seria uma proteção contra a senescência. O envelhecimento seria o preço de uma vida sem câncer.
Existem células que não apresentam senescência, em que a divisão celular se mantém com alto potencial de multiplicação, imunes a ação do tempo. São as células germinativas, que estão relacionadas com a perpetuação da vida, as células cancerígenas, que são motivos de estudos para se encontrar a cura definitiva do câncer, e as células-tronco, que atualmente são aplicadas aos transplantes para promover regeneração e possível tratamento de doenças que afetam a humanidade.
As pesquisas caminham para tentar solucionar o fato de que a telomerase também está presente em células tumorais e sua ativação nessas células desliga o relógio telomérico, possibilitando a essas células divisões infinitas. Vários cânceres humanos têm sido analisados e uma boa correlação foi estabelecida entre a atividade da Telomerase e a malignidade tumoral. Em muitos casos a atividade dessa enzima tem dado valiosas informações sobre o prognóstico tumoral.Compreender melhor o processo de envelhecimento celular, a atuação da telomerase e buscar uma forma de inativa-la em células tumorais, são os novos desafios que a ciência pretende desvendar.

Afrânio F. Evangelista