segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cientistas usam vacina humana para curar câncer de próstata em roedores

Em uma pesquisa realizada por cientistas americanos e britânicos, pesquisadores usaram uma vacina para humanos com o objetivo de desenvolver uma forma de tratamento para câncer de próstata em camundongos. A técnica dispensa o uso de quimio ou radioterapia e faz com que as células do próprio organismo dos roedores ataquem o tumor na glândula.O estudo da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, foi publicado no periódico especializado Nature Medicine.
Células de defesa do organismo
destroem células cancerígenas

Os pesquisadores acreditam que o modelo de tratamento possa ser usado algum dia em humanos, com o objetivo de livrá-los do câncer e reduzir os efeitos colaterais das terapias atuais. Segundo o professor Richard Vile, imunologista da instituição norte-americana, testes clínicos poderão começar dentro de dois anos.

A vantagem da nova forma de tratamento desenvolvida pelos cientistas está no fato de apenas as células cancerosas serem destruídas - o câncer foi induzido nos roedores para o estudo. Os tecidos em volta do tumor são poupados do "ataque" das células de defesa do corpo (células T - Principais células responsáveis pelo processo de imunidade celular por terem a capacidade de reconhecer diferentes antígenos).

Essa pesquisa já mostrou avanços no tratamento de câncer de próstata e melanomas e é candidata a opção de terapia para outra formas agressivas de tumor como os de pulmão, cérebro e pâncreas.

A nova vacina foi criada a partir da mistura de diversos fragmentos de DNA para estimular o sistema imunológico - um diferencial em relação às demais vacinas criadas até agora com base na "terapia genética", que se utilizam apenas de um tipo de gene. Uma vez no corpo humano, a vacina com esse gene era responsável por produzir um único antígeno que ativava o sistema imunológico, destruindo as células cancerígenas. A criação dessas vacinas, no entanto, era um desafio para a ciência, já que determinar qual o antígeno específico em questão é extremamente difícil.

Na pesquisa atual, os cientistas resolveram o problema usando diversos pedaços de genes do órgão afetado, para a produção de diferentes antígenos. Assim, a presença desses múltiplos DNA na vacina foi eficiente para fazer com que o organismo atacasse as células cancerígenas. A abordagem não levou o sistema imunológico à fadiga, uma preocupação prévia da equipe de pesquisadores.


Para o tratamento do câncer de próstata de um camundongo, por exemplo, os pesquisadores retiraram diversos pedaços de DNA de um tecido saudável da próstata. “O maior desafio na área de imunologia é desenvolver antígenos que podem atacar o tumor sem causar danos ao resto do corpo. Ao usar DNA da mesma parte do corpo onde está o tumor, poderemos resolver esse problema”, diz Alan Melcher, co-autor do estudo.

Embora a vacina não tenha feito o sistema imunológico reagir de forma exagerada, causando sérios efeitos colaterais nos camundongos, ela ainda precisa ser desenvolvida especificamente para humanos e, posteriormente, testada. “Só depois poderemos assegurar que esta técnica poderá ser usada um dia em pacientes com câncer”, diz Peter Johnson, clínico chefe do Instituto do Câncer da Inglaterra.



Fonte: G1 e veja.abril.com.br

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