Um análogo da talidomida está se configurando como um medicamento seguro contra a doença falciforme, segundo um relatório de pesquisadores da Georgia Health Sciences University. Assim como a hidroxiureia, a única terapia aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) para a doença falciforme, a pomalidomide aumenta a produção de hemoglobina fetal que, ao contrário da homóloga adulta, não pode assumir a forma destrutiva de foice.
Em contraste, a pomalidomide também preserva a função da medula óssea, aumentando a proliferação das hemoglobinas que fazem o transporte de oxigênio, relataram os pesquisadores. A hidroxiureia é conhecida por suprimir a função da medula óssea, deixando os pacientes potencialmente suscetíveis à infecção e ao sangramento.
"Ficamos felizes ao descobrir que a pomalidomide estimulou a expressão da hemoglobina fetal sem toxicidade para a medula óssea e aumentou a produção de glóbulos vermelhos diante da anemia", disse o anestesiologista Steffen E. Meiler.
O estudo comparou a pomalidomide, a hidroxiureia e uma combinação de drogas em um modelo de rato da doença falciforme. Após oito semanas, tanto a pomalidomide quanto a hidroxiureia aumentaram a hemoglobina fetal, mas apenas a pomalidomide foi suave para a medula óssea. Surpreendentemente, quando os medicamentos foram administrados em conjunto, todos os benefícios foram perdidos.
"Estamos muito animados e otimistas para que a pomalidomide faça a mesma coisa para os pacientes, o que significa que ela irá aumentar seus níveis de hemoglobina fetal e de hemoglobinas" disse o diretor do GHSU Sickle Cell Center Abdullah Kutlar.
Apesar da sua notória reputação por causar defeitos de nascimento, a talidomida e agora seus análogos estão conquistando um futuro potencialmente positivo para a sua capacidade de regular a resposta imunológica. Na verdade, foi a capacidade de combater a inflamação do análogo da lenalidomida que os pesquisadores queriam estudar. A inflamação, outra marca registrada da doença falciforme, ocorre quando as células brancas do sangue atacam as hemoglobinas de aparência anormal, assim como as células em forma de foice que ferem o revestimento dos vasos sanguíneos.
A lenalidomida já é aprovada para a anemia e para um câncer das células brancas do sangue chamado de mieloma múltiplo e está atualmente sob estudo para outros tipos de câncer. Quando os pesquisadores falaram com a fabricante de medicamentos Celgene Corporation sobre o estudo, a empresa de Nova Jersey compartilhou evidências laboratoriais de que a pomalidomide, uma prima mais potente e estreitamente relacionada com a lenalidomida, tinha a vantagem adicional de aumentar a expressão de hemoglobina e a proliferação de células progenitoras CD34 , que fazem as hemoglobinas. Quando os pesquisadores analisaram o impacto da pomalidomide sobre a hemoglobina fetal e sobre a função da medula óssea em seu modelo de rato, eles encontraram resultados semelhantes.
"A pomalidomide produziu aproximadamente a mesma quantidade de hemoglobina fetal que a hidroxiureia, mas a medula óssea ficou inteiramente intactas", disse Meiler. O trabalho laboratorial levou a iniciar uma fase 1 de ensaios clínicos do medicamento para a doença falciforme com a Wayne State University, em Michigan. Por causa de experiências passadas com a talidomida, as mulheres de idade fértil recebem um teste de gravidez e aconselhamento contraceptivo antes de entrar no estudo. Os participantes que tomarão a pomalidomide também não podem ter tomado a hidroxiureia por vários meses para ajudar a garantir que os resultados devem-se à nova droga.
A doença falciforme é genética e afeta 1 em cada 500 afrodescentes nos Estados Unidos.
Fonte: isaude.net
Afrânio F. Evangelista
Nenhum comentário:
Postar um comentário