sábado, 16 de julho de 2011

Terapia ataca mecanismo de supressão imunológica para deter células cancerosas

George Coukos(lider da pesquisa), Bruce Levine e Linda Smith
Terapias específicas projetadas para suprimir a formação de novos vasos sanguíneos nos tumores, como o Avastin (bevacizumab), retardaram o crescimento do câncer em alguns pacientes. No entanto, elas não têm produzido as respostas dramáticas que os pesquisadores inicialmente pensaram que elas poderiam produzir. Agora, a pesquisa da Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania pode ajudar a explicar as respostas modestas. A descoberta sugere novas combinações de tratamento que podem aumentar o poder das terapias com base na desaceleração do crescimento dos vasos sanguíneos (angiogênese).
Os investigadores de Penn, liderados pelo professor de biologia reprodutiva George Coukos, descobriram que as células de câncer de ovário cultivadas em condições de baixo oxigênio - que promove a formação de vasos sanguíneos - secretam sinais químicos que suprimem o sistema imunológico do paciente, impedindo-o de matar as células anormais cancerosas.
"Pela primeira vez, estamos percebendo que os dois programas - a angiogênese e a supressão imune - são regulados e mediados pelos mesmos tipos de célula. Isso cria novas oportunidades terapêuticas, pois o estudo revela que, para suprimir a angiogênese com eficácia, deve-se também suprimir um tipo de célula imunológica, chamada linfócito T regulador. Assim, as terapias anti-angiogênese comumente utilizadas devem ser combinadas com manobras terapêuticas que eliminam os linfócitos T reguladores", diz Coukos.
Seguindo os indícios de que pode haver uma interferência entre os dois sistemas, o professor de obstetrícia e ginecologia Andrea Facciabene e seus colegas cultivaram células de câncer de ovário em condições normais de oxigênio ou em condições baixas de oxigênio (hipóxia). Quando a equipe procurou por diferenças nas proteínas chamadas quimiocinas secretadas sob as duas condições de crescimento, eles descobriram que a molécula de sinalização CCL28 era mais abundante em culturas de baixo oxigênio. A CCL28 também era comum em áreas hipóxicas de tumores em modelos animais.
Os pesquisadores descobriram que a CCL28 recruta os linfócitos T reguladores (T-regs) em situações experimentais. Como os T-regs suprimem as respostas imunes locais, incluindo as células do sistema imunológico que matam as células tumorais, os pesquisadores pensaram na hipótese de que a sinalização da CCL28 poderia induzir a tolerância imunológica. Na verdade, quando observaram o crescimento dos tumores cultivados em modelos animais, eles descobriram que os tumores projetados para expressar a CCL28 cresceram significativamente mais rápido do que os tumores sem expressão de CCL28.
Juntos, os dados sugerem que as condições de hipóxia suprimem a reação imunológica através dos linfócitos T reguladores, promovendo a formação de vasos sanguíneos. Portanto, para obter o máximo das drogas anti-angiogênese, os médicos podem precisar combiná-las com drogas que bloqueiem os T-regs.
"As ferramentas para eliminar os T-regs de forma eficaz não estão atualmente disponíveis na clínica, mas o campo está definitivamente avançando, com várias estratégias candidatas atualmente sendo testadas. A outra implicação deste estudo é que, se a terapia anti-angiogênese induz hipóxia no tumor, isso poderia criar um rebote de aumento dos linfócitos T reguladores. Este rebote poderia ser responsável por parte da resistência que é comumente observada na clínica depois que a anti-angiogênese terapêutica é instituída", analisa Coukos.


Afrânio Evangelista
Fonte: isaude.net


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